quinta-feira, 27 de novembro de 2008

1- Introdução

Tudo terá começado há cerca de 200 milhões de anos, muito antes dos Dinossauros povoarem a terra, no período Jurássico (há 205 milhões de anos), passando por diversas fases de um processo dinâmico de gênese, adaptação e extinção. A história evolutiva dos peixes é tão mais impressionante como quando foi trilhada, enquanto continentes e clima se modificavam dramaticamente, ao mesmo tempo em que ocorriam extinções em massa e transformações profundas da fauna e flora que moldaram a face do planeta.No decorrer deste último século os cientistas descobriram várias pistas que os levaram as algumas comprovações sobre a teoria da evolução. Sabe-se que a princípio, não existiam seres vivos possuidores de coluna vertebral. Antes do surgimento dos primeiros vertebrados milhões de anos se passaram na historia da evolução. Os primeiros a aparecer tinham formas de peixe, e somente milhões de anos após é que os primeiros anfíbios passaram a existir, e depois vieram os répteis, pássaros e mamíferos.Basicamente evolução do complexo pineal dos vertebrados traduz-se na transformação de estruturas sensoriais (nervosas), os olhos pineais dos vertebrados inferiores, em estruturas endócrinas, as glândulas pineais dos vertebrados superiores. Uma das questões que desde logo se pode colocar é a de como se terá operado esta transformação. Em muitos casos é difícil compreender como fenômenos evolutivos, envolvendo estruturas relativamente complexas, se possam ter desenrolado através de processos aleatórios, isto é, através de sucessivas mutações que se terão logo de integrar, harmonicamente, num conjunto plenamente funcional. Esta aparente dificuldade tem sido, recorda-se mais em particular no que se referem à origem dos olhos complexos de certos grupos animais, um dos mais evocados argumentos anti-darwinianos (anti-gradualistas).Para se evidenciar a natureza gradua lista dos processos evolutivos há, portanto não só que demonstrar a existência de fases intermediaria, mas também o significado adaptativo das mesmas. O caso da transformação de um olho numa glândula endócrina, no decurso da evolução dos Vertebrados que iremos desenvolver neste trabalho, é como dissemos um magnífico exemplo desse tipo de processos. Trata-se como veremos de uma transformação gradual, por pequenos passos, em são evidentes numerosas fases intermédias, cujo valor adaptativo, imediato e pleno, facilmente se pode compreender. Esta transformação ajuda igualmente a entender que na evolução as impostas pelas estruturas orgânicas pré-existente, não se formam de novo.O tema que desenvolvemos vai nos dar ainda oportunidade de abordar vários e significativos aspectos da biologia.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

A Evolução dos Peixes

Os primeiros peixes surgiram há cerca de 500 milhões de anos e eram semelhantes às lampreias atuais. Posteriormente, há aproximadamente 400 milhões de anos surgiram os peixes com esqueleto cartilagíneo. Actualmente são representados pelos tubarões, raias e esturjões. Os dois primeiros grupos são marinhos, enquanto que os esturjões são migradores anádromos (vivem no mar e reproduzem-se nos rios). Mais recentemente, há mais ou menos 250 milhões de anos, surgiram os primeiros peixes com esqueleto ósseo.


A maior parte das cerca de 22 000 espécies de peixes, que se estima que existam atualmente no mundo, pertencem ao grupo dos peixes ósseos. Relativamente aos peixes de água doce, a Península Ibérica apresenta um elevado número de endemismos, ou seja, espécies que só existem nesta região geográfica. Este facto pode ser explicado pelo isolamento geográfico em que estas espécies evoluíram. Há cerca de 35 milhões de anos ocorreu o levantamento dos Pirinéus que levou ao isolamento das populações ibéricas das européias. Por seu turno, o Estreito de Gibraltar formou-se há cerca de 3 a 4 milhões de anos, ficando estas populações isoladas das do Norte de África. Conseqüêntemente, originaram-se na Península Ibérica espécies diferentes das européias e das que existem no Norte de África. Assim, só em Portugal existem atualmente cerca de 32 espécies autóctones, das quais 15 são endemismos ibéricos e 5 são endemismos portugueses. Este número pode ainda aumentar já que estão a ser realizados estudos de genética molecular que poderão permitir a descoberta de outras espécies endêmicas de algumas bacias portuguesas/ibéricas. Apesar de serem únicas no mundo e da sua importância para o bom funcionamento dos ecossistemas aquáticos a maior parte destas espécies encontra-se em risco de extinção.

O que são lampréias?

As lampreias ou lampréias são peixes de água doce ou anádromas com forma de enguias, mas sem maxilas. Aboca está transformada numa ventosa circular com o próprio dianmetro do corpo, reforçada por um anel de cartilaginagem e armada com uma língua-raspadora igualmente cartilaginosa. Várias espécies de lampreia são consumidas como alimento.
As lampreias são classificadas no clade Hyperoartia, dentro do filo chordata , por oposição aos gnathostomata, que incluem os animais com maxilas. Todas as espécies conhecidas são agrupadas na classe Petromyzontida ou Cephalaspidomorphi, na ordem Petromyzontiformes e na família Petromyzontidae. Ver também fishbase.
Algumas espécies de lampreias têm um número de cromossomas que é recorde entre os cordados, chegando a 174. A larva ammocoetes tem um tamanho máximo de 10 cm, enquanto que os adultos podem ultrapassar 120 cm.

Caracterização Morfológica dos Peixes


Atualmente nos sistemas aquáticos do nordeste transmontano só se encontram referenciados peixes ósseos. Por isso, no presente documento, a caracterização morfológica só se refere a este grupo de peixes. A figura representa um peixe ósseo tipo.






De um modo geral um peixe ósseo apresenta duas séries de barbatanas pares: as peitorais (1) e as pélvicas (2). Apresenta igualmente várias barbatanas impares: a dorsal (3), a anal (4) e a caudal (5). As pares têm essencialmente um papel de estabilização. A função das barbatanas dorsal e anal é comparável à da quilha de um barco. Finalmente, a caudal tem um papel de propulsão. Estas podem ter raios espinhosos (6) e/ou moles (7). Os salmonídeos (trutas e salmões) apresentam ainda entre a barbatana dorsal e a caudal uma pequena estrutura carnuda chamada barbatana adiposa (8). A linha lateral (9) tem uma textura ligeiramente diferente da do resto do corpo. Consiste num certo número de poros ligados por um canal situado logo abaixo da superfície da pele. Esta estrutura tem funções sensoriais e permite a detecção de presas, predadores e avaliar distâncias. Os barbilhos, presentes em algumas espécies (10) são órgãos tácteis com papel importante na procura do alimento. O óperculo (11) é uma estrutura óssea que cobre as brânquias.

Como surgiram os peixes?

o antepassado mais antigo dos peixes, parece ter sido um pequeno “monstro” em forma de minhoca, chamado Pikaia, proveniente do período Cambriano médio (540 a 510 milhões de anos) descoberto no Canadá. Pikaia, já possuia algumas das características únicas dos vertebrados contudo, a forma como este parente ancestral terá evoluído até aos primeiros peixes com coluna vertebral permanece um mistério, não obstante as diversas teorias existentes.Tanto quanto se sabe, os primeiros peixes chamados ósseos, embora o tecido ósseo destes primeiros peixes fosse bastante diferente daquele que actualmente conhecemos nos vertebrados modernos, datam de há quase 500 milhões de anos. Fragmentos dos seus fosseis foram encontrados pela primeira vez na Autrália Central e mais recentemente na Bolívia, foram encontrados os primeiros fosseis completos de há 470 milhões de anos.A característica mais marcante destes primeiros peixes prende-se com o facto de ainda não terem desenvolvido maxilares, daí serem chamados Agnathas, que em grego significa “sem gnathos” ou seja, sem maxilar. Alguns Agnathas parentes distantes deste ancestral, conseguiram sobreviver até à actualidade tendo-se tornado numa especialidade gastronómica bastante apreciada em Portugal, a vulgar lampreia.Crê-se que pouco depois do período Ordavico, estes ancestrais sem mandíbulas terão radiado em diversos grupos taxonómicos, a maioria possuidores de uma característica e bizarra armadura de escudos ósseos. Dos inúmeros grupos de peixes sem mandíbulas que terão surgido, os Ostracodermes, hoje conhecidos como Osteostraci, marcam o auge evolutivo dos peixes amandibulados que já possuíam pequenas cavidades oculares nas placas ósseas, aberturas para órgãos nasais e grandes áreas sensoriais implantadas nas armaduras. Fósseis deste peixe ancestral estão dispersos pela Europa, Inglaterra, Rússia Ocidental e América do Norte. Crê-se que estariam confinados ao continente Euroamericano.


quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Outras curiosidades sobre nossos peixes.

• As escamas são estruturas ósseas que se formam na camada mais profunda da pele. Nas regiões temperadas, com estações do ano bem marcadas, ocorre uma alternância de períodos rápidos de crescimento (Primavera) com períodos de crescimento lento (Outono/Inverno). Consequentemente, verifica-se a formação anual de anéis concêntricos nas escamas. Como estas se originam quando o peixe tem somente algumas semanas de idade e são as mesmas ao longo de toda a sua vida, contando os anéis que se formam anualmente e medindo as distâncias entre eles é possível determinar a idade e o crescimento do indivíduo ao longo do tempo. Saliente-se que os peixes, ao contrário da maior parte dos vertebrados, crescem durante toda a vida, mas a taxa de crescimento decai acentuadamente aquando da primeira reprodução. O estudo da idade e do crescimento permite a obtenção de dados importantes para a gestão de populações de espécies exploradas comercialmente. Por exemplo, a definição do tamanho mínimo de captura baseia-se nestes dados.
• Logo abaixo da coluna vertebral, existe um órgão auxiliar da natação: a bexiga gasosa. Esta estrutura é uma vesícula densamente vascularizada, cheia de gás, e que comunica com o esôfago através de um canal. Quando o peixe mergulha, a bexiga gasosa liberta parte do gás e diminui de volume. Quando o inverso ocorre dá-se a entrada de gás e esta aumenta de volume. Assim, o peixe acaba por ter sempre uma densidade semelhante à da água e nunca se afunda.
• A maior parte das espécies existentes nos nossos rios são omnívoras. Isto significa que se alimentam de material vegetal e de animais. A dieta varia sazonalmente, pois as populações das presas também variam do mesmo modo e com o tamanho dos indivíduos. Os juvenis, exploram mesmo áreas de alimentação diferentes das dos adultos. Peixes como as trutas, o achigã e o lúcio têm dentes na cavidade bucal. Os barbos, os escalos e as bogas só possuem dentes faríngicos que trituram totalmente os alimentos. Os peixes que vivem e procuram o seu alimento no fundo denominam-se bentónicos. Na maior parte dos casos estes apresentam barbilhos. Os peixes que se alimentam e vivem na coluna de água são denominados pelágicos.
• A visão na maioria dos peixes é muito desenvolvida. Muitos conseguem distinguir cores e comprimentos de onda que vão do infravermelho ao ultra-violeta. O olfato também é muito apurado em algumas espécies. Os salmões e outros grandes migradores apresentam o fenómeno de “homing” ou seja, voltam sempre ao rio onde nasceram para se reproduzirem. Está comprovado que estas espécies “memorizam” o odor da água do rio onde nasceram para um dia poderem voltar.
• As papilas gustativas, em grande parte das espécies, não se encontram restringidas só à cavidade bucal. Encontram-se nos barbilhos e em outros pontos do corpo. Os ouvidos, além de permitirem a percepção de sons, funcionam também como órgãos de equilíbrio.
• Os estímulos químicos são muito importantes na comunicação entre os indivíduos da mesma espécie. Em muitas espécies há a emissão de substâncias de alarme. Um peixe ferido por um predador emite estas substâncias, induzindo a formação de cardume ou a fuga dos outros indivíduos para os seus esconderijos. Estas formas comportamentais são um mecanismo de defesa contra a predação. Na altura da reprodução também parece existir comunicação química. Por exemplo, supõe-se que as hormonas libertadas pelos machos induzam a ovulação nas fêmeas. No entanto, o processo reprodutor também depende fortemente de estímulos ambientais, nomeadamente da temperatura e do fotoperíodo. Em geral nos nossos rios a reprodução ocorre na Primavera que é a época mais propícia à sobrevivência dos ovos, larvas e juvenis. Muitas espécies realizam migrações reprodutoras para montante do curso de água, pois é aí que existem os habitats mais favoráveis aos primeiros estádios de desenvolvimento.
• Na maioria das espécies não existe cópula, sendo a fecundação é externa e é impossível distinguir os machos das fêmeas fora da época de reprodução. Os ovos podem ser depositados sobre o cascalho, sobre a areia ou sobre a vegetação.


Há algumas espécies perigosas para o Homem, como os peixes-escorpiao que têm espinhos venenosos e algumas espécies de tubarão, que podem atacar pessoas nas praias. Muitas espécies de peixes encontram-se ameaçadas de extinçao, quer por pesca excessiva, quer por deterioração dos seus habitats.
Alguns peixes ingerem água para recuperar a água perdida pelas brânquias, por osmose, e pela urina. Eles retiram oxigênio da água para respirar. Uma enguia , por exemplo, toma o equivalente a uma colher de sopa de água por dia. Os peixes também retiram uma certa quantidade de água dos alimentos. Por viverem em meio líquido, não precisam beber água para hidratar a pele, como fazem os animais terrestres.
Os peixes urinam, mas nem todos urinam da mesma maneira. Os peixes de água doce precisam eliminar o excesso de água que se acumula em seus corpos. Seus rins produzem muita urina para evitar que os tecidos fiquem saturados. Comparados aos peixes de água doce, os peixes de água salgada, que já perdem água por osmose, produzem muito menos urina.